Cancelar o jogo de futebol, suspender a ida à praia, trocar a festa infantil de lugar, fechar todas as janelas da casa porque está calor demais. São medidas que podem parecer exageradas para nós brasileiros que amamos o calor e o verão, mas que vão fazer cada vez mais parte da nossa realidade. Cabe à mídia e ao poder público melhorar a comunicação sobre o risco das ondas de calor do mundo mais aquecido em que vivemos.
Já existe certa tradição de providências por parte de governos e Defesa Civil para momentos de baixa umidade do ar, que costuma vir associada a altas temperaturas. Atividades ao ar livre em escolas, por exemplo, são suspensas quando há estado de atenção, principalmente em locais onde isso ocorre com mais frequência, como o Distrito Federal. E as pessoas estão familiarizadas com a necessidade de se hidratar e com truques como colocar uma toalha molhada no quarto.
Falta comunicar que o calor em si é perigoso para a saúde. E, se a umidade do ar estiver mais alta, ele é ainda mais prejudicial, porque o organismo não consegue se resfriar através do suor. A temperatura do organismo começa a subir e a sobrecarregar órgãos como o coração, levando risco em especial os mais vulneráveis: idosos, crianças, grávidas, pessoas com doenças crônicas.
Necessidade de beber bastante líquido e o uso de roupas leves e claras são conceitos aos quais os brasileiros já estão mais acostumados. Entre as estratégias que ainda precisam ser popularizadas no Brasil estão:
- Abrir as janelas, persianas e cortinas da casa à noite e de madrugada, e fechá-las no começo da manhã
- Identificar o cômodo menos quente da casa e eventualmente dormir lá (em sobrados, o andar térreo pode ser mais fresco)
- Evitar sair ao ar livre nos horários mais quentes
- Quando possível, em caso de emergência, ficar em ambiente com ar-condicionado (como um prédio ou transporte público) por pelo menos duas ou três horas, para amenizar os efeitos do calor sobre o organismo
- Garantir que animais de estimação tenham acesso a sombra, água e locais frescos
Essas são algumas atitudes paliativas individuais. Para o poder público local fica a responsabilidade de tomar medidas efetivas, como a proteção de trabalhadores submetidos ao calor, a arborização das cidades, a alteração de horários de eventos e a criação de um sistema eficaz de alarme e comunicação, que valha para o calor em si, e não só para situações de baixa umidade do ar.