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sexta-feira, 13 outubro 2023 / Publicado em Informação em saúde

Ideias genéricas de saúde não baseadas em ciência

Com a aproximação do final do ano e os inevitáveis amigos ocultos de família ou corporativos, não se surprenda se acabar colecionando garrafinhas de água motivacionais. A mais nova moda em consumo de água pode ser fofa para uns ou mera autoajuda para outros, mas a pergunta que fica é: será que essa história de beber 2 litros por dia é uma comunicação de saúde baseada em ciência?

Acredita-se que a origem da ideia de se beber um volume específico de água venha de um relatório de um órgão do governo norte-americano, de 1945, que mencionava, sem base em pesquisas, a necessidade de indivíduos consumirem cerca de 2,5 litros de água por dia. Apesar de o documento apontar que esse valor viria do total entre bebidas e alimentos, a informação ficou fortemente associada aos tais oito copos, sendo depois adaptada para 2 litros.

Como vivemos em um país tropical, quente e onde se morre por desidratação, faz sentido que a comunicação de saúde ainda hoje procure conscientizar a população sobre a importância da hidratação apropriada.  E dá para entender também que medidas redondas como oito copos ou 2 litros simplifiquem a mensagem. Só que da simplificação para a generalização para a mitificação para a invenção o caminho às vezes é rápido e sem volta, como tanta falsa ciência que domina as trocas nas redes sociais tem demonstrado.

Explicar que o consumo de água “ideal” varia de acordo com fatores como idade, nível de atividade física, alimentação, clima e até alterações nas condições de saúde de cada um dependendo do momento é mais complexo e não rende regra universal para pôr em cartaz ou figurinha.

Outra tentativa de marcador, menos usada, é a cor do xixi  (mais clarinho = melhor a hidratação), mas estudos já apontaram que, em pessoas mais velhas, essa deixa de ser uma boa alternativa. Fora quem faz uso de medicação ou consome alimentos/líquidos que alterem a cor da urina.

Diante de tudo isso, alguns especialistas recomendam que, para pessoas saudáveis, o parâmetro deve ser beber água quando dá sede, já que o organismo se encarrega de enviar o recado de que está precisando se hidratar mais ou menos, de acordo com a circunstância. Como certas pessoas afirmam não sentir sede ou sentem sede quando já estão começando a desidratar, é importante incorporar o hábito de tomar água de alguma forma ao longo do dia.    

Mas já fica dito também: consumir “bastante” água não melhora nenhuma função do corpo, como lubrificação de órgãos e juntas, limpeza de ”toxinas” ou regulação da pressão arterial, e nem previne doenças. Porém a ingestão excessiva de água pode até levar a uma condição chamada hiponatremia, que altera o equilíbrio dos níveis de sódio no sangue e é prejudicial à saúde. Ou seja, até água pode fazer mal nessa vida se consumida além da conta.

Quem trabalha com conteúdo de saúde não pode ter receio de relativizar as recomendações. E precisa tentar antecipar a recepção de suas mensagens, de modo que não se crie impressões como “se beber água é bom, beber um monte de água deve ser melhor ainda”.

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