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Embora o assunto saúde menstrual tenha entrado em pauta no Brasil nos últimos anos, ainda falta no país uma reflexão maior sobre a realidade do que é menstruar. “Linguagem menstrual” é um termo que praticamente não existe quando se procura em ferramentas de busca, e a discussão sobre o tema menstruação costuma se manter mais na esfera de sintomas ou acesso a produtos do que na repercussão do que menstruar ou não significa para as mulheres.
Recentemente a agência Thrive realizou um levantamento sobre o discurso menstrual de mulheres da geração Z (nascidas entre 1997 e 2012) e de millenials (entre 1981 e 1996) e o comparou com o discurso das principais marcas de produtos menstruais no Reino Unido. Entre as conclusões da agência britânica estão:
• As marcas falam de sintomas físicos como dor de cabeça, cólica e inchaço, mas para as mulheres do estudo o que importa mesmo são os impactos práticos e emocionais dos sintomas, como a necessidade de mudar as atividades rotineiras, a irritabilidade, o fato de se sentirem com menos energia e quererem ficar sozinhas.
• Cada vez mais as usuárias estão abertas a novos produtos, como os coletores menstruais e calcinhas absorventes, mas ainda sentem falta de mais inovação na área. Elas buscam informação na internet, em aplicativos para monitorar o ciclo e principalmente no Instagram, mudando com frequência de “fontes”, em busca da informação exata que lhes seja útil.
• O custo-benefício de produtos menstruais e o fato de serem sustentáveis importam mais para as gerações mais novas que a credibilidade de marcas consagradas.
• Nenhum dos grupos gosta quando o discurso sobre a menstruação foca na necessidade de escondê-la. E os dois grupos, tanto millenials como geração Z, se irritam com promessas irreais do tipo “você pode fazer tudo” quando está menstruada.
• As usuárias mudam de tipo de produto dependendo da fase em que estão do ciclo e também ao longo da vida. As marcas não parecem levar isso em conta, e negligenciam principalmente a fase próxima à menopausa.
• A geração Z fala mais abertamente sobre menstruação e afirma que o assunto ajuda inclusive a consolidar amizades.
“Monstra”, aliás, é uma das formas de se referir à menstruação, muito popular em comunidades online de quem está tentando engravidar aqui no Brasil. Na visão dessas pessoas, a monstra derruba as esperanças de gravidez naquele mês e prolonga a etapa de tentativas. A pesquisa britânica apontou o uso da palavra “monstrous” como o segundo apelido para menstruação mais usados pela geração Z, atrás apenas do “that time of the month”, que seria equivalente ao nosso “naqueles dias”.
A palavra monstra também é sugestiva do que acontece com o tema menstruação na mídia e na esfera pública. Ele assusta, e as pessoas fogem dele. Para se ter uma ideia, embora o termo seja de uso corrente para um grupo enorme de mulheres da geração Z, monstra não consta como sinônimo de menstruação nem nos dicionários informais e de gírias da língua portuguesa.
A pergunta que fica é: já não passou da hora de menstruação ser tabu? Que tal perdermos o medo da monstra?