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Após a morte do ator Matthew Perry, afogado em uma jacuzzi no final de outubro, a história que boa parte da mídia continua a perseguir é se havia drogas, remédios ou álcool em seu organismo naquele momento. Com um relatório final da autópsia ainda pendente, sobram especulações sobre se o ator voltara a flertar com o vício que o acompanhou por boa parte da vida. Curiosidades mórbidas à parte, a questão para quem trabalha com conteúdo de saúde é: faz diferença saber?
Há quem argumente que essa informação pertence apenas à família de Matthew e que seria injusto com toda a luta do ator contra o vício divulgar esse tipo de dado sem maiores contextos da vida dele. Por outro lado, o próprio astro lançou, no ano passado, um sinceríssimo livro sobre seus altos e baixos com a doença da adição, a fim de ajudar aqueles que estivessem sofrendo com o mesmo problema ou quem quisesse entender como apoiar um ente querido.
Divulgar mais detalhes sobre a morte precoce do ator aos 54 anos avança de alguma forma esse desejo que ele tinha de lançar luz sobre as complexidades envolvendo diagnósticos, tratamentos, recaídas, efeitos colaterais físicos, cognitivos e psicólogicos ou estigmas e mitos do vício? Possivelmente sim. E a imprensa tem obrigação de “respeitar” desejos de pessoas públicas e celebridades internacionais quando se trata de um assunto de saúde? Possivelmente não.
Mas, como até para quem trabalha na mídia o apelo comercial de um conteúdo pesa mais do que sua, digamos, utilidade pública, fica muito difícil determinar por que de fato queremos tanto descobrir o que ocorreu no corpo e na mente de Matthew.
Curiosidade e até certa morbidez são sentimentos presentes em muitos de nós. Porém, a cobertura de assuntos de saúde mental só sairá ganhando se a discussão for ampliada para melhor entendimento dos mecanismos da dependência química, também presente em muitos de nós. De resto, esse resultado de autópsia vira apenas sensacionalismo, às custas de nosso amigo Matthew.