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Dizer para alguém como se comportar durante uma situação de emergência ambiental, como grandes enchentes, vendavais, deslizamentos ou incêndios, no momento em que todos os instintos do corpo ultrapassam qualquer razão, costuma ser ineficiente e até injusto. Por que não explicar antes? Por que não preparar e treinar com antecedência? Por que não educar a população com noções básicas de risco? Já se foi o tempo em que o Brasil não era considerado um lugar sujeito a desastres naturais. Os últimos muitos desastres nas diferentes regiões do país apontam para uma nova realidade climática que precisa ser encarada em várias frentes, incluindo a da comunicação de emergência.
A Defesa Civil de alguns Estados e munícipios brasileiros até conta com planos de ação para comunidades e famílias, porém esse tipo de material não vem sendo nem bem divulgado e muito menos implantado de forma ampla pela sociedade. Quem de nós já teve uma conversa na mesa do jantar com os filhos sobre onde se encontrar se todo mundo precisar sair correndo de onde está? Há algum kit de emergência armazenado e atualizado em um lugar seguro da casa? Números de emergência da família e de instituições estão memorizados ou acessíveis só pelo celular? Com tanta coisa básica faltando no dia a dia de milhões de brasileiros, pode parecer ideia de gringo endinheirado pensar no “luxo” de um kit de emergência, só que esse preconceito é justamente um dos tantos equívocos envolvendo o assunto.
Por exemplo: se você tiver apenas dois minutos para deixar sua casa, escola ou escritório, sabe o que é essencial pegar? Não valeria a pena ter já um plano? Você tem luz de emergência ou baterias extras para o celular, carregadas, para o caso de falta de energia prolongada?
Esse tipo de reflexão não é agradável e nem sempre contempla todo tipo de horror que pode se abater na vida de alguém de uma hora para a outra, mas é uma discussão que salva vidas e até minimiza impactos financeiros — como quando objetos de valor são separados junto com documentos importantes, para que possam rapidamente ser carregados para fora de uma situação de risco.
É irônico que tanta gente no Brasil conheça de cor o número de emergência dos serviços públicos nos Estados Unidos (911), mas não saiba para quem ligar se precisar de uma ambulância (Samu, 192) ou de auxílio do Corpo de Bombeiros (193). Todos temos a ganhar se a comunicação sobre a preparação para situações de emergência melhorar, ainda que a discussão sobre os grandes problemas estruturais envolvendo clima, política e economia caminhe com bem menos urgência do que gostaríamos.