![Responsabilidade na propaganda](https://figaconteudo.com.br/wp-content/uploads/2023/07/como-escrever-3-420x280_c.png)
O que há de errado com a foto? É consenso entre os especialistas que bebês pequenos não devem ser colocados para dormir de bruços, nem sobre superfícies moles. Não se sabe bem por que, mas alguns bebês param de respirar, no que se chama síndrome da morte súbita do lactente. Embora as causas não estejam esclarecidas, sabe-se que há uma associação entre os casos e o fato de bebês estarem dormindo de bruços, ou com algo que abafasse a respiração.
Uma foto parecida com essa foi usada em uma propaganda de roupas para bebês. A foto não chega a ser irregular, mas deseduca e propaga uma imagem que pode colaborar para um comportamento arriscado por parte dos pais, que acabam perdidos entre orientações dos profissionais de saúde, palpites de família e amigos e exposição equivocada de conceitos pela mídia. Quem comunica, seja na propaganda, seja numa novela, seja como influenciador, precisa ter conhecimento e responsabilidade sobre as mensagens que seu conteúdo passa, independentemente de estar ou não falando sobre saúde e segurança. A imagem de uma roupinha de bebê fofa vende não somente uma peça de vestuário como também todo um estilo de vida de uma família, o que é uma oportunidade e um risco.
Um conteúdo que envolva bebês e crianças deve ter o cuidado mínimo de não infringir orientações vigentes de saúde para não confundir o público.
Agora que qualquer pessoa pode criar a sua peça de propaganda, na forma de post patrocinado nas redes sociais, sem a intermediação de uma agência, esse tipo de deseducação fica mais frequente, e as entidades reguladoras, como o Conar, têm atuação limitada. Tudo isso torna ainda mais complicado o trabalho de profissionais de saúde e de quem lida com divulgação e comunicação de informações médicas baseadas em evidências científicas.
A mensagem visual com elementos errados ajuda a agravar ainda mais a atual crise de confiança na ciência, além de colaborar para deixar pais e mães cada vez mais inseguros nos cuidados básicos com os próprios filhos.